Este estudo propõe uma análise poética e crítica dos contos ¿Casa Tomadä, ¿Carta a una señorita en París¿, ¿Lejanä e ¿Ómnibus¿, da obra Bestiario, do escritor argentino Julio Cortázar (1951), no tocante ao processo de construção simbólica de ruptura e recriação dos ritos de passagem, propostos pelo antropólogo Arnold Van Gennep (1978). Procuramos mostrar, neste estudo, que Cortázar tensiona esteticamente a rigidez dos ritos de passagem modernos, desde a sua primeira contística, como critica à utopia de progressão humana, solidificada no sonho de um mundo ocidental em transformação. Com este propósito, tomamos, ainda, as Passagens, dos Exposés de 1934 e 1939, do filósofo alemão Walter Benjamin, como metáfora espacial de influência para a construção do discurso simbólico de Cortázar, residente em Paris, ao longo de toda sua mais densa produção literária. Benjamin, em sua expressão de denúncia à cidade moderna alegórica, como Cortázar, converte o caos dos modos de vida modernos em tema literário.